Na tendência
tradicional de currículo escolar, o pensamento é tido como uma capacidade de
arquivar informações, evidenciando o aspecto cumulativo do conhecimento. Nesse
sentido, ensinar é transmitir conhecimentos já sistematizados e acumulados pela
humanidade, em que o papel do professor pode ser resumido como “dar a lição” e
“tomar a lição” num ensino basicamente enciclopedista. “A aprendizagem
valorizada é a que propicia a formação de reações estereotipadas, de
automatismos, denominados hábitos geralmente isolados uns dos outros e
aplicáveis, quase sempre, somente às situações idênticas em que foram
adquiridos”. (MIZUKAMI, 1986, p.13-14). Aprender consiste em adquirir
informações que preparem o sujeito intelectual e moralmente para adaptar - se a
sociedade, tendo o aluno como uma “tabua rasa”, receptor apenas. Quanto ao
método, nessa perspectiva, ”a ênfase recai na transmissão do conhecimento, que
deve ser rigorosamente lógica, sistematizado e ordenado” (MARTINS, 1989, p.40),
daí o uso do método expositivo, que tem a figura do professor como centro. A
avaliação geralmente se restringe à evocação dos conhecimentos memorizados, por
meio de interrogatórios orais, provas e trabalhos escritos sob uma vigilância
constante do professor. A modalidade da avaliação adotada é a somativa e a
classificatória no qual a ênfase recai no resultado
final.
O ponto fundamental
desse processo será o produto da aprendizagem. A reprodução dos conteúdos feitos
pelos alunos, de forma automática e sem variações, na maioria das vezes é
considerada como um poderoso e suficiente indicado de que houve aprendizagem e
de que, portanto, o produto está assegurado. (MIZUKAMI, 1986,
p.15).
Na configuração
do currículo cuja tendência é a escolanovista, o conhecimento é uma construção
continua realizada pelo aluno. Ensinar nessa teoria implica “criar condições que
priorizem as atividades do aprendiz, tendo em vista o desenvolvimento dos
aspectos cognitivos e considerando-o inserido numa situação social” (EYNG, 2007,
p.122). O papel do professor implica uma ação sobre o meio provocando a ação de
descoberta no aluno considerando seus interesses, necessidades, expectativas e
motivações. Em ultimo caso ele media a construção do aluno no processo
educativo. Aprender nessa perspectiva implica assumir os objetivos a esquemas
mentais, e ampliar as estruturas cognitivas do próprio conhecimento conforme a
teoria piagetiana. E o aluno passa de agente passivo para uma atitude ativa
tornando - se o centro do processo de ensino – aprendizagem, aprendendo a
aprender.
O método nessa
teoria deve essencialmente favorecer e valorizar atividades significativas dos
alunos. A avaliação “é fluida e tenta ser eficaz à medida que os esforços e os
êxitos são pronta e explicitamente reconhecidos pelo professor”. (LIBANEO apud
EYNG, 2007.p.127). A modalidade de avaliação adotada é a formativa, em que a
preocupação reside em controlar o desenvolvimento cognitivo no processo
educativo, sendo usada também a avaliação somativa, com o intuito de verificar o
desenvolvimento cognitivo atingido ao final do processo.
Na teoria da escola
nova, há uma valorização da experiência vivenciada pelo aluno, levando em conta
as diferenças individuais. O enfoque é predominantemente psicológico. O aluno é
considerado o centro do processo. Os métodos de observações, experimentação, de
projetos e centos de interesses (entre outros) visam valorizar seu caráter
globalizador e definir da orientação do processo de ensino. (MARTINS apud EYNG,
2007, p.126).
Já a tendência
tecnicista, considera o conhecimento como resultado da experiência,
caracterizando – se pelo “saber fazer”. O ensino pauta – se nos princípios da
racionalidade, da eficiência e da produtividade, consiste num arranjo de
contingência de reforço (elogios, graus, notas, prêmios, prestigio etc.) sob as
quais o aluno aprende e é de responsabilidade do professor assegurar a aquisição
do comportamento. Aprender é uma questão de mudança de comportamento, em função
de objetivos instrucionais cuidadosamente definidos. O centro do processo
desloca - se para os meios, ocupando professores e alunos, posição de executores
(EYNG, 2007).
A metodologia e
decorrentes instrumentos constituem preocupação central nessa abordagem,
”incluem tanto a aplicação de técnica educacional e estratégias de ensino como
formas de reforço no relacionamento professor – aluno”. (MIZUKAMI apud EYNG,
2007, p.130). O método visa atender os princípios da individualidade, adequando
- se ao ritmo de cada aluno. O tema aplicado em pequenas porções busca levar a
uma verificação imediata, visando à ausência de erros. A avaliação, geralmente
rigorosa, assume função de controle e consiste em constatar se o aluno aprendeu
os objetivos propostos no programa e se o mesmo foi conduzido até o final
(produto) de modo adequado. A avaliação tende a ser diagnostica, formativa e
somativa.
A ênfase da proposta
dessa abordagem se encontra na organização (estruturação). Dos elementos para as
experiências curriculares. Será essa estrutura que irá dirigir os alunos pelos
caminhos adequados que deverão ser percorridos para que eles chequem ao
comportamento final desejado, ou seja, o objetivo final. A aprendizagem será
garantida pela sua programação. (SAVIANI, 2003, p.31).
No currículo
crítico, concepção amplamente difundida por Paulo Freire, ocorrem variações
teóricas bastante significativas, focando, sobretudo aspecto sócio – político –
culturais do contexto brasileiro. Aprender nessa perspectiva é um ato de
conhecimento da realidade concreta da situação real vivida pelo aluno, e tem
sentido apenas se resultar de uma aproximação critica dessa realidade. Ensinar
implica provocar e mobilizar o aluno (entabular o dialogo) na sua fala com a
realidade “ao aluno competirá, portanto, a partir de sua experiência sócio –
cultural imediata a participar ativamente do processo de aprendizagem,
confrontando suas apreensões com os modelos e conteúdos expressos pelo
professor” ( MIZUKAMI, 1986, p.85), e este não assume papel autoritários, mas
permanece vigilante perante o processo.
A metodologia
privilegia o relacionamento professor – aluno, enfocando não indivíduos
separados, mas o grupo. Utilizando situações vivenciais do grupo, em forma de
debate, Paulo Freire (apud MIZUKAMI, 1986, p.100), delineou seu método “(...)
tem como características básicas: ser ativo, dialógico, crítico, criar um
conteúdo programático próprio e usar técnicas tais como redução e codificação”.
O método provoca a problematização e a originalidade, mediante desafios ao
aluno, no dialogo homem – mundo. A verdadeira avaliação do processo consiste na
autoavaliação e/ou avaliação mutua (todos avaliam e são avaliados), cuja
modalidade adotada é a processual, integrando a diagnostica, a formativa e a
somativa. Nessa tendência.
O homem é desafiado
constantemente pela realidade e a cada um desses desafios deve responder de uma
maneira original. Não há receitas ou modelos prontos (de respostas), mas tantas
respostas quanto forem os desafios, sendo igualmente possível encontrar
diferentes respostas para um mesmo desafio. As respostas que o homem dá a cada
desafio não só modifica a realidade em que está inserido, como também modifica a
si próprio, cada vez mais de maneira sempre diferente (perspectiva
interacionalista na elaboração do conhecimento). (EYNG, 2007, p.135
-136).
Nas concepções
anteriores ao modelo critico, os elementos didáticos do currículo exercem um
forte papel instrumental, que existem até hoje. Na concepção atual, currículo
pós – crítico ou inovador, a didática considera o contexto formativo, analisando
os fundamentos teóricos – aplicativos mais adequados a cada situação. A questão
central dessa concepção é a aprendizagem e desloca o desenvolvimento do aluno em
sua capacidade de aprender a aprender, compreender como aprende desenvolvendo
estratégias capazes de aperfeiçoar sua condição de aprender, desafiando o aluno
nesse intento. “O papel do professor deixa de ser simples orientador e passa a
ser o de criar duvidas levando o aluno a pensar e perguntar – se. A gestão do
processo formativo tem a concepção modificada e ampliada, deixando de ser
responsabilidade de um pequeno grupo, passando a ser tarefa compartilhada”.
(EYNG, 2007, p.139).
No método do
contexto atual a didática é uma esfera de ação – reflexão –ação de propostas
curriculares capazes de colabores para a educação integral num contexto
em transformação.
Também é modificado o conceito de avaliação e,
consequentemente, visam-se novas práticas avaliativas. A avaliação não é mais um
processo exterior, pois então se supõe que “são os próprios participantes que
melhor conhecem os significados e interpretações das aprendizagens e que por
isso estão melhor posicionados por participar da avaliação “. (FERNANDES apud
EYNG, 2007, p. 113). Por tanto, no entendimento critico
atual,
O currículo absorve
categorias inclusivas, como centro do discurso educativo: além de ser concebido
como pratica social intencional com dimensões regional e local, inclui temas
importantes como currículo e conhecimento, como o resgate do papel da escola e a
valorização do professor, o papel do aluno, abrangendo também focos emergentes
como a questão da transversalidade, trabalhando temas em dimensões disciplinares
diferentes, fazendo nexos e elas, informando redes de conhecimento. A
participação é um outro foco precioso, fundamental parta uma nova proposta de
discussão da educação nacional. É, pois, neste painel que se discute, hoje, o
currículo. (MOREIRA, 2005, p.5).
A inovação
pedagógica se processa mediante organização de projetos integrados de
aprendizagem. “A proposta pedagógica na formação integral articula o pensar, o
sentir, e o agir inovador na produção do conhecimento”. (EYNG, 2007, p. 148). O
currículo integrado supera a dicotomia e a fragmentação formativa e enfatiza a
construção do conhecimento interdisciplinar, contextualizado, o qual promove a
aprendizagem significativa por meio da aplicação da
pesquisa.
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